O Lixo e seus problemas

1 O QUE É LIXO?
A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa cinza. Pode-se considerar lixo todos os tipos de resíduos sólidos resultantes das atividades humanas ou do material considerado imprestável ou irrecuperável pelo usuário, seja papel, papelão, restos de alimentos, vidros, embalagens plásticas.
O lixo é gerado há muito tempo, em grande quantidade e sempre. Nos primórdios, eram constituídos de restos de alimentos, ossos, cinzas, metais, papéis e outros materiais que a natureza podia assimilar facilmente.
O desenvolvimento produziu novos materiais, como couro, panos, plástico, cujo destino final é os aterros na periferia das cidades. Outros resíduos, quando lançados ao mar e nos rios, contribuem para poluí-los, provocando a destruição do ambiente e das reservas de alimentos.
A produção desse lixo aumenta assustadoramente em todo planeta. Cada habitante típico de uma cidade produz cerca de 1 Kg de lixo por dia. Os seres humanos, colocando o lixo para recolhimento pelo lixeiro ou jogando-o em terrenos baldios, resolvem seu problema individual, não se dando conta de que as áreas de depósitos de lixo das cidades estão cada vez mais escassas e que o lixo jogado nos terrenos baldios favorece o desenvolvimento de insetos e ratos transmissores de doenças.
A reutilização e a reciclagem são práticas bastante antigas. “Sucateiros” da Antigüidade recolhiam espadas nos campos de batalhas para fazer novas armas. As cidades não possuíam serviços públicos de coleta de lixo.
No Brasil, a cidade de Curitiba, no estado do Paraná, foi a primeira a implantar a coleta seletiva do lixo visando à reciclagem de materiais. “Em termos de país, o maior exemplo dessa riqueza dos descartes é o Japão, que possui o ‘lixo tecnológico’ mais rico do mundo, onde se encontram até aparelhos eletrônicos mais ou menos em bom estado de conservação”. O consumo naquele país se torna oneroso para a sociedade como um todo, para a natureza e, por fim, para o consumidor, o que acaba excluindo as populações de baixa renda dessa modalidade de consumo. A população dos bairros pobres, impossibilitadas de participar desse caro modo de vida, limita-se a consumir os produtos básicos de sobrevivência, principalmente os alimentos. Para os países do terceiro mundo, o problema é ainda mais grave, visto que neles, além do crescimento populacional ser mais acelerado do que nas nações do primeiro mundo, as populações tendem a concentrar-se nas regiões metropolitanas, formando um “amontoado”. Os pobres contribuem para a produção do lixo e são obrigados a conviver com ele. O tempo estimado de decomposição dos materiais que são despejados em rios, lagoas e oceanos é muito extenso, como do plástico, por exemplo, que é de mais de 100 anos. Nos lixões, o plástico pode queimar indevidamente e sem controle. Em aterros sanitários, ele dificulta a compactação e prejudica a decomposição
dos elementos degradáveis. Portanto, é mais vantajosa a sua reciclagem. Outro exemplo é o lixo orgânico, pois sua decomposição demora, aproximadamente, de 6 a 12 meses, sendo que através da reciclagem podem ser produzidos compostos de resíduos orgânicos – adubos – com grande capacidade de reposição de sais minerais e vitaminas. A natureza é muito eficiente no tratamento do lixo orgânico. Na realidade, não há propriamente lixo na natureza, pois os organismos mortos são transformados em substâncias aproveitáveis. O tronco de uma árvore morta pode servir de casa para insetos e pássaros, como o pica-pau, antes de cair e se transformar em húmus. Logo, o que é lixo para algumas espécies, é riqueza para outras.
As diversas atividades humanas produzem resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos. Os orgânicos são os materiais que se decompõem, como restos de alimentos, papéis, madeira, fibras naturais etc. Já os resíduos inorgânicos são os materiais sintéticos de difícil decomposição, como vidros, metais, plásticos etc.

Vale salientar que o acondicionamento correto do lixo visa a atender a aspectos sanitários, como controle dos vetores, proteção dos solos e da água e manutenção de moradias, estabelecimentos comerciais e industriais, vias públicas e áreas verdes limpas, livres de contaminação. Quando mal-acondicionado, o lixo propicia o desenvolvimento e a proliferação de roedores, insetos e outros vetores de doenças, além de promover a contaminação dos solos e da água.
Cabe à população acondicionar seu próprio lixo, mas os órgãos de saúde devem ter autoridade para exigir que esse acondicionamento seja feito em condições sanitárias corretas.
Existem formas de acondicionamento específicas para cada um dos tipos de lixo:
_ Lixo domiciliar - acondicionamento em sacos plásticos de polietileno, com capacidade máxima de 100 litros (ou aproximadamente 30 Kg);
_ Lixo comercial e público - sacos plásticos de polietileno ou, ainda, contêineres com tampa, fabricados especialmente para essa finalidade;
_ Lixo industrial – contém resíduos sólidos muito diversificados, envolvendo lixo orgânico (no caso de frigorífico, por exemplo) e lixo inorgânico (refugos de minérios, metais, etc), que exigem pré-tratamento na fonte antes de serem coletados;
_ Lixo contaminado - principalmente para o lixo de hospitais, o mais indicado é o saco plástico branco leitoso. A coleta deve ser feita separadamente dos demais tipos de lixo, por veículos específicos, pra evitar a contaminação;
_ Lixo radiativo - oriundo da radiologia de hospitais e clínicas de raios-X, assim como de usinas nucleares e de alguns processos industriais, deve ser isolado da coletividade em recipientes e abrigos especiais (subterrâneos). O produtor desse tipo de lixo é responsável por acondicionamento e por sua destinação final.




Em nossa casa devemos dar uma grande importância ao lixo que produzimos, mostrar aos nossos familiares que ele deve ser organizado para posterior coleta no carro da prefeitura, e evitar que se espalhe pelo meio ambiente causando vários problemas. Um dos principais é os de saúde, pois doenças como leptospirose, peste bubônica, dengue, disenteria, cólera, leishmaniose e outras são transmitidas por vetores (ratos, mosquitos, moscas) atraídos pelos resíduos mal destinados. E com a chegada do inverno além da nossa saúde correr riscos há também os prejuízos materiais, como os alagamentos que derrubam as casas, ocasionados por entupimentos dos bueiros que deixam de escoar as águas para os rios.
Se optarmos por um consumo não abusivo e consciente dos produtos, reduziremos de maneira superável o aparecimento dos resíduos em nossa comunidade. Da mesma maneira, se obtermos meios para a conscientização da população sobre uma política adequada de gestão do lixo, passando pela implantação regular da coleta e construção de locais adequados para a disposição de tais resíduos, chegará à sensação de que habitamos em uma comunidade que respeita o meio ambiente e cuida bem de seu lixo.


 Tempo de decomposição aproximado dos materiais no ambiente.
sit da imagem: http://cleusandrade.blogspot.com/2010_02_01_archive.html